ALEXANDRU MACEDONSKI
( ROMÊNIA )
Alexandru Macedonski (Bucareste, 14 de março de 1854 - Bucareste, 24 de novembro de 1929) foi um poeta, romancista, dramaturgo e crítico literário romeno.
Conhecido especialmente por ter promovido o francês Simbolismo em seu país natal e por liderar o movimento simbolista romeno durante suas primeiras décadas. Precursor da literatura modernista local, ele é o primeiro autor local a usar o verso livre e, segundo alguns, foi o primeiro na literatura europeia moderna. Dentro do enquadramento de Literatura romena, Macedonski é visto pelos críticos como perdendo apenas para o poeta nacional Mihai Eminescu; como líder de uma tendência cosmopolita e esteticista formada em torno de seu jornal Literatorul, ele se opunha diametralmente ao tradicionalismo introspectivo de Eminescu e sua escola.
(Foto e fragmento da biografia extraída de https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandru_Macedonski)
DIMENSÃO – REVISTA INTERNACIONAL DE POESIA. ANO XII. No. 22. Editor Guido Bilharino. Uberaba, MG: 1992. 147 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
A noite de dezembro
(Fragmento)
Deserto e morto é o quarto morto:
o fogo da lareira desfaz-se em cinzas.
O poeta, imóvel, é ferido pelo destino,
nem mesmo uma centelha brilha em seu olhar adormecido.
Oh! Seu grande gênio apenas hoje é um mito...
E nem uma centelha brilha em seu olhar adormecido!
Deserta e branca, estende-se a planície...
onde soam gritos atrozes sob a tormenta azul...
e com um olhara de aço a lua o observa,
branco monolito entre as brumas da noite...
E com um olhar de aço a lua o observa!
Massas de sombras em torno dele se acumulam.
O ser de argila há longo tempo nele já morreu,
mas a lua acaricia a sua fronte altiva.
Mas o quarto, branco, morreu dentro da noite...
E com um olhar de aço a lua o observa!
O ser de argila, nele, há muito já morreu!
Morto é o quarto e morto é o poeta...
Ouve-se, de longe, os lobos terríveis uivando:
eles latem, eles ululam, eles sobrem lentamente...
Há um trêmulo sinistro de vento sufocado...
O espirito grita e geme... Por que falta?
E, pouco a pouco, a imensa cólera faz-se um caos,
Porque a cólera é enorme nele e fora dele.
A lua é fria nele e pelo céu.
As trevas alongam uma garra pavorosa,
e os rancores da sombra querem tocar a sua sombra.
Subitamente faísca e cinza na lareira...
e os fantasmas azuis se esboçam nos muros...
uma labareda mais viva vem coroar o fogo.
e acende, e palpita, crepita, e de repente fala.
“O que trazes contigo, arcanjo de ouro?”
E a flama lhe responde: “A inspiração...
Escuta e canta! Reencontra a mocidade!
Rico e poderoso emir, é o que eu quero ser!”
A flama lhe diz: “Eu trago a inspiração!”
E a inspiração esvoaça e corre pelo quarto branco...
Fora, o furor da tempestade de neve desaparecera...
O firmamento cintila, todo de ouro, o horizonte, tecido de ouro...
E eis que surge o emir da cidade rara...
Os palácios são fantasmas brancos,
ocultos entre a folhagem, onde esplendem os fruto maravilhosos
que se miram no brilho vivo dos claros regatos...
Bagdá! Bagdá! E o emir é ele!...
No ar flutuam docemente pétalas de rosa...
Por tudo à seda florida vem se casar o ouro...
Cantam as plumas de água... Murmuram vozes límpidas...
Bagdá! Bagdá! E o emir, oh! é ele...
O emir é ele... e há em seus cofres
montanhas fabulosas de ouro e prata:
ele possui poderes que contêm a luz do sol,
armas cinzeladas, lâminas flutuantes,
e corcéis tão vigorosos e rápidos como o fogo...
Bagdá! O céu róseo e dourado, que palpita...
Paraíso de sonhos para os olhos, paraíso de jardins!
Prata a escorrer das fontes ! Horizontes tecidos de ouro.
Bagdá! Campinas onde as rosas esperam lírios!
Mesquitas! Minaretes! E acima de tudo, o céu que palpita!
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Página publicada em junho de 2024
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